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Histórico das MaRIas

18-05

Histórico das MaRIas

O ano de 2020 foi um divisor de águas para o nosso grupo. Buscamos voos mais altos e expandimos a nossa atuação em diversas frentes

As Relações Internacionais (RI) por muito tempo foi uma disciplina pensada por homens e focada nos estudos da paz e da guerra. Somente na década de 1990, as mulheres começaram a romper com essa barreira e iniciaram estudos de Gênero e Relações Internacionais de forma mais sistemática. Ou seja, estudar Gênero é uma resistência ao que chamamos de mainstream (conhecimento consolidado no campo). Essa resistência também faz parte do DNA das MaRIas. O grupo foi criado em maio de 2017 por pós-graduandas do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP). Nós sentíamos a necessidade de aprenderemos e debateremos sobre Gênero e RI e não encontrávamos matérias ou professoras (es) que abordassem o assunto no instituto.

Entre 2017 e o início de 2020, nós concentrávamos os seus esforços na promoção de encontros mensais de “formação” (grupo de estudos). Pois a maioria de nós não estudava gênero em suas pesquisas principais. Nesses encontros nós (ou convidadas) líamos e debatíamos textos sobre Gênero e RI. Em geral esses textos eram de autoras do Norte Global, pois elas eram as referências mais consolidadas na disciplina. As reuniões aconteciam no IRI ou na biblioteca do IRI, e apesar da divulgação dos encontros, em geral só compareciam as mulheres do próprio instituto.

Entre 2018 e 2019, nós começamos a pensar em ações de advocacy dentro do IRI. Nós queríamos promover os estudos de Gênero e RI no próprio instituto e também aumentar o número de professoras palestrantes nos seminários obrigatórios da pós-graduação. Nós fizemos um levantamento dos palestrantes e os categorizamos de acordo com gênero. Percebemos que o número de homens era significativamente maior do que o de mulheres. Porém por questões técnicas acabamos não levando a frente esse pleito para a coordenação.

Pouco a pouco nós fomos ganhando o respeito e a admiração do corpo docente e discente do IRI. Nos tornamos referência do tema dentro do instituto. Inclusive fomos convidadas a falar sobre “Gênero, Desenvolvimento e o Papel do Bolsa Família” numa aula dentro da disciplina de Desenvolvimento do professor Anthony Pereira, do King’s College, em 2019.

O ano de 2020 foi um divisor de águas para o nosso grupo. Esse ano tão desafiador nos impulsionou a buscar voos mais altos, pois como já falamos a resistência a momentos difíceis é parte do nosso DNA. Com isso, aproveitamos a oportunidade para expandirmos a nossa atuação em diversas frentes. A primeira foi a quebra dos muros da universidade. Desde o início do nosso grupo buscávamos nos integrar à comunidade universitária assim como a externa, porém só com a nossa mudança para a modalidade virtual isso foi possível.

Nesse ano resolvemos estudar sobre Gênero no Sul Global, ou seja sobre autoras e temas que questionavam o campo mais consolidado das Relações Internacionais. A temática chamou a atenção de pesquisadoras da área assim como interessadas no tema, assim mulheres de todo o Brasil passaram a participar dos nossos encontros de formação.

Nesse ano também fortalecemos a nossa vocação como pesquisadoras. Juntas desenvolvemos uma análise sobre como a pandemia afastou as pesquisadoras da ciência e publicamos um artigo na revista Outras Palavras. Estamos desenvolvendo novas pesquisas que esperamos em breve compartilharmos com vocês nas nossas redes sociais e outros canais de comunicação. Esse também foi um ponto importante na nossa expansão. Num ano em que o contato pessoal foi reduzido o contato virtual aumentou, criamos um mailing, um Instagram, um site e um canal no Youtube. Tudo isso para conseguirmos nos conectarmos ainda mais com pessoas interessadas na temática que estudamos.

Uma outra iniciativa que possibilitou ainda mais essa conexão com outras pesquisadoras (graduandas/os e pós-graduandas/os) e interessadas na área foi o nosso I Seminário online MaRIas IRI-USP “Pensando Gênero nas Relações Internacionais”. O nosso evento contou com mais de 70 panelistas que apresentaram seus trabalhos de pesquisa em 16 painéis temáticos, além de mais de 150 inscrições para ouvintes. As mesas de abertura e encerramento do Seminário, transmitidas gratuitamente pelo Youtube, também tiveram grande interesse do público, alcançando juntas mais de 500 visualizações. O sucesso do nosso seminário reforçou a nossa percepção de que há muito interesse e demanda por espaços de debate e pesquisa sobre Gênero e Relações Internacionais no Brasil.

Em um dos dias do nosso seminário convidamos pesquisadoras (es) de diversos grupos de estudos de Gênero e Sexualidade nas RI para um fórum. Nele reunimos nove grupos e quase 40 representantes que atuam com a pauta nacionalmente. Em nossa conversa, falamos sobre os desafios e as oportunidades que vivenciamos. Após o evento, os grupos formaram a Rede de Gênero e Sexualidade e RI, cujo o objetivo é fortalecer os estudos nessa temática e a cooperação entre as pesquisadoras (es). Para saber mais visite a nossa aba “Relações Institucionais”.

Após um 2020 de muitos desafios e crescimento, nós esperamos em 2021 consolidar o que construímos e expandir ainda mais. Portanto, lançamos um edital de chamada para novas integrantes e também nos reorganizamos internamente. Atualmente nós temos cinco áreas de atuação: comunicação, relações institucionais, grupo de estudos, pesquisa e prospecção. Para sabermos sobre cada uma delas explore o nosso site.

Beatriz Coutinho
Coordenadora de Comunicação e Prospecção

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