MaRIas
Grupo de Investigación en Género y Relaciones Internacionales
Os efeitos da pandemia de covid-19 sobre o trabalho das professoras pesquisadoras de Relações Internacionais
Nesse artigo abordarmos os efeitos da pandemia sobre o trabalho da professoras de Relações Internacionais, em especial como ela afetou a produtividade das docentes.
Publicado originalmente na Conjuntura Austral em setembro de 2021
Por Beatriz Coutinho, Laira Tenca e Cecília Mombelli
Foto do acervo MaRIas IRI USP
Artigo originalmente publicado na revista Conjuntura Austral para acessar clique aqui
O artigo "Os efeitos da pandemia de covid-19 sobre o trabalho das professoras pesquisadoras de Relações Internacionais" foi publicado na Revista Conjuntura Austral v. 12, n. 59 (2021). Ele é fruto de um longo trabalho das MaRIas iniciado em 2020. O nosso objetivo era compreender como a pandemia afetou o trabalho, em especial a produtividade das professoras de Relações Internacionais. Além disso, o nosso artigo aborda temas como: a disparidade de gênero na ciência; os efeitos da pandemia; a produtividade acadêmica das mulheres; o perfil das professoras de RI no Brasil; jornada dupla ou tripla das docentes; saúde mental; maternidade e terceirização do cuidado.
Leia o relato da nossa MaRIa, Cecília Mombelli sobre como foi o processo de elaboração desse artigo:
"O dossiê da Revista Conjuntura Austral, “O Sul Global pensado por mulheres”, foi a oportunidade esperada para a publicação dos dados da pesquisa realizada pelo MaRIas em 2020. A edição especial, com artigos de mulheres sobre o Sul Global, abarca a proposta de estudo e pesquisa do grupo que, a partir de 2021, passou a interpretar o internacional a partir do lugar, tanto geográfico quanto político, no qual estamos. Os acontecimentos inesperados do ano, com o alastramento do vírus Sars-Covid-19 e a declaração de pandemia, ao mesmo tempo que nos trouxe preocupação, também nos forçou a avançar: iniciamos, juntas, a primeira pesquisa científica do grupo, voltada para a compreensão de como esse momento delicado afetava a condição de vida e de trabalho de mulheres na academia.
Os dados iniciais sobre as consequências do isolamento forçado sobre as mulheres começavam a aparecer. Nenhum deles, independente da realidade e da profissão de cada uma, era benéfico. Os direitos conquistados – poucos, diante de uma realidade marcada pela desigualdade de gênero – estavam ameaçados. Preocupadas com os retrocessos que avançavam, olhamos para nosso microcosmo, a academia brasileira, mais especificamente a pós-graduação de Relações Internacionais, para entender o que estava acontecendo e como isso nos afetava e afetava mulheres que, como nós, dedicavam seu tempo à essa área de conhecimento. Motivadas pela pergunta “será que a pandemia agravou as desigualdades de gênero presentes na academia?”, iniciamos a primeira pesquisa do MaRias, com o objetivo de compreender os efeitos dos primeiros meses de pandemia sobre o trabalho das professoras pesquisadoras de pós-graduação em Relações Internacionais no Brasil.
O trabalho foi realizado com a dedicação incansável de cinco pesquisadoras: Beatriz Coutinho, Cecília Mombelli, Kelly Agopyan, Laira Tenca e Mariana Corrêa. Juntas, construímos todas as partes do projeto: a concepção inicial, o levantamento bibliográfico, a definição e elaboração do questionário, o contato com as professoras e o estudo cuidadoso dos dados recolhidos. Toda segunda-feira, durante os sete primeiros meses, nos reunimos para transformar esse projeto na primeira linha de pesquisa do grupo. A frustração com a baixa representatividade feminina no corpo docente da pós-graduação (apenas 88 mulheres diante de 162 homens) foi revertida com as respostas que recebemos e com a atenção que cada respondente dedicou no preenchimento do formulário. A todas elas, o nosso agradecimento.
O resultado pode ser conferido no artigo "Os efeitos da pandemia de covid-19 sobre o trabalho das professoras pesquisadoras de Relações Internacionais", escrito por Beatriz Coutinho, Laira Tenca e Cecília Mombelli. As três autoras analisaram os dados coletados dialogando com a literatura sobre gênero e academia e com ela contribuindo, ao promover o debate tão necessário sobre o trabalho feminino durante a pandemia. O foco recaiu na produtividade acadêmica, por ser essa uma métrica importante para a progressão de suas carreiras, mas não se restringiu a ela. Não há como evitar falar de maternidade, trabalho doméstico não remunerado e saúde mental como fatores que acentuam a disparidade de gênero.
Este artigo, em especial para nós três que nos dedicamos a escrevê-lo, sintetizou o esforço coletivo na produção de conhecimento científico sobre a desigualdade que afeta a nossa realidade e, ao mesmo tempo, nos fortaleceu como pesquisadoras. Mesmo com recursos escassos e diante de uma situação de ataques infundados, seguimos acreditando na força de nosso trabalho."
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